Nos últimos três anos, devido à pandemia da covid-19, o mundo automóvel sofreu várias perturbações a nível de preços, da oferta de veículos e da cadeia de abastecimento. Porém, espera-se que 2023 traga alguma estabilidade a este mercado.
A queda de preços tem-se vindo a verificar aos poucos ao nível do retalho, mas é também expectável algum alívio para os compradores de carros usados.
Por outro lado, o aumento das taxas de juro significa que o empréstimo e o aluguer de um automóvel está mais caro, o que pode indicar que a compra de um carro novo seria mais rentável do que a de um carro com 2 a 3 anos.
Ao longo deste ano, acreditamos que parte significativa do mercado será alvo de uma grande transformação, assim como o processo de compra e venda de um automóvel. Neste artigo, apresentamos as nossas expectativas para o mundo automóvel em 2023.
Os veículos elétricos são cada vez mais populares no mundo automóvel, e a tendência é para aumentar em 2023, com grandes marcas a planear o lançamento de novos modelos.
À medida que os preços da indústria vão caindo, é esperado que os veículos elétricos também se tornem mais acessíveis. Um dos fatores que impulsiona mais este crescimento é sem dúvida a constante evolução tecnológica a que assistimos.
Entre 2020 e 2021, as vendas de elétricos no mercado automóvel aumentaram em 108%, pelo que em 2023 tudo aponta para que se tornem ainda mais populares, especialmente devido à crise dos combustíveis.
Outro bom exemplo é o crescimento das vendas no segmento PHEV (automóvel híbrido plug-in) em 2021, que foi de cerca de 85% num período em que as vendas globais aumentaram apenas 3%.
De um modo geral, parece evidente que o crescimento dos veículos elétricos veio para ficar. Se procura um automóvel virado para o futuro e que acompanhe as suas preferências, a resposta, em 2023, poderá muito bem estar num elétrico.
A complexidade no desenvolvimento de um automóvel tem aumentado continuamente, o que é demonstrado pelo aumento das linhas de código do software no carro.
Atualmente, existem cerca de 100 milhões de linhas de código nos automóveis, em comparação com o que se verificava há uns anos, onde havia “apenas” cerca de 10 milhões de linhas de código.
Estes códigos são características diferenciadoras que os clientes esperam ter no seu automóvel novo, tais como a assistência ao condutor, a segurança, o entretenimento e outras.
Com o passar do tempo, o automóvel tornar-se-á um computador sobre rodas, com mais veículos autónomos a chegarem às estradas já durante este ano.
Ao aperceberem-se das novas exigências do mundo automóvel, os fabricantes terão cada vez mais de competir com as empresas tecnológicas tradicionais para contratar engenheiros de software.
Como já foi referido, o número de veículos autónomos na estrada vai aumentar em 2023. Este crescimento deve-se à procura de opções de transporte mais seguras e eficientes por parte dos condutores, aliada ao desenvolvimento tecnológico no setor automóvel.
Um automóvel autónomo permite reduzir consideravelmente os acidentes relacionados com erros dos condutores, bem como o tempo de paragem, os consumos de combustível e ainda as emissões de CO2, o que vem ajudar ao combate às alterações climáticas.
Em Portugal esta opção ainda poderá tardar, mas numa boa parte do mundo automóvel os veículos autónomos deverão ganhar peso.
Outro aspecto já mencionado tem a ver com as características diferenciadores de um automóvel, nomeadamente ao nível da conectividade.
Em 2023 espera-se que o interesse dos condutores (traduzido em vendas) por funcionalidades como o Android Auto ou o CarPlay venha a aumentar, para que possam ligar os seus smartphones aos seus carros e utilizar aplicações no ecrã do automóvel.
Para além disso, muitos fabricantes estão a desenvolver os seus próprios sistemas para ligar o automóvel à Internet. A Ford, por exemplo, desenvolveu o sistema SmartLink, que permite que os carros se liguem à rede à sua volta. Este sistema inclui monitorização do trânsito, relatórios de perigo e até comunicação entre veículos.
Os fabricantes estão assim cada vez mais pressionados para desenvolverem novas formas de manter os condutores conectados.
Em 2023 também haverão mudanças no modelo de negócio dos concessionários e fabricantes de automóveis, de forma a manterem as suas receitas de vendas.
Alguns “pesos pesados” da indústria, como a Ford, Volkswagen e Toyota, estão a analisar o modelo da Tesla de venda direta aos consumidores. A importância dos dados é cada vez maior, o que introduz novas formas de lucrar com as vendas.
A possibilidade de poderem fornecer conteúdos de entretenimento constantemente atualizados a um automóvel será um ponto de cada vez maior interesse para os fabricantes.
A pouco e pouco, vai-se verificando que as pessoas estão dispostas a deixar de ter um automóvel particular e a procurar outras alternativas mais sustentáveis a nível financeiro, e também ecológico.
Para muitos, ter carro significa uma obrigação logística a nível de encargos financeiros, estacionamento, confusões no trânsito, bem como um grande impacto ambiental, sendo que em grande parte do tempo o automóvel acaba por estar parado, sem ser utilizado.
Com o aparecimento de novas alternativas e o crescimento do trabalho remoto, é bem provável que em 2023 a compra de um automóvel apenas para uso próprio venha a ser menos frequente.
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