Até há bem pouco tempo, a ideia de termos carros autónomos na estrada, sem qualquer humano ao volante, seria tida como uma impossibilidade, um pormenor fantástico de um filme de ficção científica.
Mas hoje sabemos que é possível e que já há testes bastante conclusivos sobre o assunto, apesar de ainda existirem alguns senãos.
Neste artigo, vamos tentar perceber quão próximos estamos de nos cruzar com alguém a ler um livro num semáforo.
Esta ideia de termos carros que se conduzem a si próprios, os chamados carros autónomos, começou ainda no século passado, naquele que foi também o século em que os automóveis apareceram em massa e popularam as ruas do mundo.
O conceito surgiu precisamente na literatura de ficção científica, e em alguns trabalhos de engenharia pioneiros. Em termos muito gerais, podemos identificar alguns momentos em que estas ideias começaram a tomar forma e a sair do papel:
No século XX, escritores como Arthur C. Clarke ou Isaac Asimov já incluíam carros autónomos nos seus livros de ficção científica, e alguns engenheiros já pensavam o tema de forma séria.
Nas décadas de 1920 e 30, começaram a surgir experiências com controlos automatizados, incluindo carros controlados por rádio.
Em 1921, foi criado o primeiro protótipo de carro autónomo registado na História, no Ohio, Estados Unidos da América. Era uma espécie de carrinho de mão, movido a rádio e comandado por outro veículo que vinha logo atrás. E, mais importante que tudo, não era capaz de transportar passageiros, ao contrário do que vinha sendo imaginado nas obras de ficção científica.
Em 1925, nova investida: o engenheiro militar americano Francis P. Houdini cria o “American Wonder”, “Maravilha Americana” em português, com a tecnologia, também, de ondas de rádio. A demonstração do carro, todavia, corre mal: embateu noutro, que transportava os fotógrafos a cobrir o evento.
Abandonada a tecnologia de rádio, começaram a fazer-se experiências com sensores de movimento.
Em 1950, surge um novo protótipo: agora, com os tais sensores de movimento, capazes de detetar a velocidade e a localização dos carros na estrada. Todavia, estes protótipos, desenvolvidos pela General Motors, só funcionavam em estradas especiais, preparadas e equipadas para este tipo de veículo que se conduzia sozinho, e a ideia não pegou – talvez por necessitar de tão grande investimento em infraestruturas específicas.
Seria preciso esperar até aos anos 2000 e à invenção do GPS e da Internet moderna para termos novos desenvolvimentos na corrida pela invenção do carro autónomo perfeito, ou pelo menos do carro autónomo possível e funcional.
Em 2004, o The U.S. Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA) organizou o DARPA Grand Challenge, um desafio que premiava veículos autónomos que conseguissem completar um percurso de 240 km, mas nenhum chegou sequer perto da meta.
No ano seguinte, 2005, nova edição do desafio. Agora, com um vencedor: Stanley, um automóvel desenvolvido na Universidade de Stanford, baseado no Volkswagen Touareg, que conseguiu completar o trajeto em 6 horas e 53 minutos sem quaisquer incidentes e, claro, condutores.
A diferença do ano de 2004 para o de 2005 foi a introdução de um sistema de inteligência artificial, programado para aprender a conduzir o carro.
Em 2009, a Google começou a desenvolver o seu próprio projeto de carro autónomo, o Waymo.
A Tesla apresentou o seu protótipo de software de auto-condução, Autopilot, em 2014.
E a General Motos adquiriu, em 2016, a empresa Cruise Automations, que trabalhava – e trabalha agora como subsidiária da GM – no desenvolvimento de carros autónomos, estando desde aí em fase de testes.
No entanto, parece sempre haver dúvidas no que toca à segurança destes veículos, que volta e meia têm um acidente que põe em causa a meta de 100% fiabilidade que estes veículos devem ter para serem considerados uma alternativa viável à condução humana.
Por agora, ainda ninguém sabe ao certo quando será, nem mesmo os players da indústria ou os legisladores pelo mundo fora.
Há vários fatores que podem acelerar ou desacelerar o processo:
Avanços Tecnológicos: esta área tem-se desenvolvido relativamente rápido, com várias empresas em fase de teste com carros autónomos em ambientes controlados. No entanto, desenvolver sistemas seguros e fiáveis para todas as condições de condução, da mesma maneira que faz o cérebro humano, é muito complexo. Avanços ou períodos de estagnação em tecnologias como sensores, Inteligência Artificial ou infraestruturas de conectividade vão ter um papel fundamental no tempo que demorará a atingir o modelo perfeito, ou pelo menos bom o suficiente para ser considerado apto a circular nas estradas sem representar um potencial perigo.
Regulamentação: não pode haver circulação de carros autónomos sem que isso esteja regulamentado. Assim, é necessário provar que cumprem com requisitos de trânsito e de segurança e talvez até seja necessário criar novos parâmetros para avaliar estes veículos. Pode demorar anos até que as amostras se tornem suficientemente representativas para e se possa legislar para o futuro de forma informada. Pode até dar-se o caso, e provavelmente é o que acontecerá, de estes carros ficarem aprovados para circular primeiro num país ou continente como os Estados Unidos da América – de onde são a maioria das empresas a trabalhar nestes projetos – e só depois noutros lugares, como na Europa. Isto permite que haja um projeto-piloto, com os restantes Estados e autoridades reguladoras a ficarem na condição de observadores, para tirarem as suas conclusões, antes de se precipitarem a aprovar legislação com pouca informação disponível.
A aceitação do público: as pessoas têm de estar, na sua grande maioria, plenamente confiantes nestes veículos autónomos quando forem aprovados. Aliás, uma razão pela qual ainda não estão a circular nas estradas é porque ninguém consegue, perante a informação atual, garantir que não haverá qualquer incidente com a intervenção destes carros. As empresas que os desenvolvem terão de investir recursos em campanhas de comunicação e relações públicas para que estes se tornem progressivamente consensuais.
Desenvolvimento de infraestruturas: tal como o modelo dos anos 50 falhou por ser necessário equipar estradas especialmente para ele, este é outro dos desafios dos carros autónomos. Serão provavelmente necessários novos sinais de trânsito, inscrições no asfalto e sistemas de comunicação para acolher estes novos veículos. Isto representa um investimento avultado de tempo e recursos.
Fatores económicos: é preciso saber a que preço vão conseguir os fabricantes vender estes inovadores veículos. Eles só serão verdadeiramente comuns se muitas pessoas tiverem poder de compra para os adquirir. Além disso, terão de ser também facilmente reproduzíveis. Isto é, tem de haver vários exemplares a ser fabricados diariamente para que estejam disponíveis no mercado, acessíveis ao consumidor final.
Assim, e concluindo, é difícil precisar uma data em que estes automóveis conduzidos sem intervenção humana estejam a circular plenamente pelas estradas.
Até agora, todas as previsões têm sido confrontadas com desafios que vão aparecendo depois, sendo que havia quem previsse já haver, em 2023, veículos autónomos nas estradas.
Felizmente ou infelizmente, vamos ter ainda de esperar para ver.
Até lá, boas conduções.
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